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O equilíbrio não depende de fatores externos

Por Rômulo Martins
Em meio ao pânico dos passageiros e da equipe de voo, por conta de uma turbulência, o piloto consegue aterrissar o avião e todos os que estavam a bordo se salvam. Em outra situação, uma mãe quase entra em desespero ao ver seu filho ser levado pelo mar. Para salvar o menino, ela enfrenta fortes ondas com destreza e consegue trazê-lo de volta à praia.
Estes dois eventos são fictícios, mas vale o questionamento: afinal, qual força mantém os “heróis” da vida real concentrados em seu objetivo mesmo nos momentos de adversidade? Equilíbrio, responde à plateia de executivos e estudantes Joan de Dou, professor de Gestão de Pessoas nas organizações do IESE, da Universidade de Navarra (Espanha), durante o evento Insights da Época Negócios, onde discursou sobre a importância do tema na vida pessoal e no trabalho.
Há quem diga que o fator emocional seja o mais difícil de ser aperfeiçoado no ambiente corporativo, tendo em vista as pressões pelas quais passam os profissionais em um mercado de incertezas, marcado pela competição e em um ritmo cada vez mais veloz. De Dou rebate: “O equilíbrio não está em fatores externos, mas em como eu vou confrontar as situações adversas”.
Especialista em psiquiatria, o professor afirma que a única forma de se chegar ao equilíbrio pessoal e na carreira é através do autoconhecimento. “É preciso saber quais são seus pontos fortes e fracos”, diz De Dou, que, em sala de aula, pergunta a seus alunos de MBA qual é o sentido da vida.
Segundo ele, características como empatia e concentração contribuem para o equilíbrio, mas o caminho para o pleno domínio das emoções é individual e depende dos interesses de cada um. Na visão do professor, alguns indivíduos são dotados de recursos que os tornam mais preparados para lidar com os desafios da vida pessoal e profissional; outros, porém, precisam desenvolver ou aprimorar esses recursos com a ajuda de ferramentas como a psicoterapia.
Depende de você
De acordo com De Dou, descobrir quais são os seus interesses é a chave para o equilíbrio. “O que é mais importante para você, o caminho profissional ou a vida pessoal?”, questiona. O professor explica que quando se aconselha as pessoas a tomar cuidado para que o trabalho não custe o equilíbrio, não significa que a vida profissional atrapalhe o campo pessoal. O que pode ocorrer, diz ele, é uma transferência de sentimentos entre as áreas.
Construir relações estáveis no ambiente familiar, entre amigos ou na comunidade onde você está inserido também faz parte do processo que induz à autogestão e ao domínio das emoções, diz De Dou.
O especialista em psiquiatria afirma que quando o indivíduo se conhece bem, aprende a lidar com as suas próprias emoções e com a dos outros e, por isso, consegue alcançar os objetivos com mais facilidade.
“O peso da responsabilidade é o que diz: ‘tem que ser assim’. O peso intrapessoal não tem nada a ver com o que está externo. É preciso trabalhar para que as críticas [destrutivas] não os influenciem”, orienta.
Por isso, não espere que os bancos abaixem os juros, que os políticos corruptos sejam destituídos de seus cargos ou que o seu chefe te faça um elogio para que você encontre o equilíbrio entre vida e trabalho, diz De Dou: “Não posso construir o equilíbrio com base no que os outros vão fazer por mim”.