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Os novos acordos para o novo ano

Os quatro acordos*Por Sandra Felicidade
Há algum tempo, um leitor comentou um texto meu sobre mudanças e escreveu que “muitas coisas na vida estão vencidas e continuadas”. Essa é uma boa reflexão para o início de um novo ano – que nos convida a pensar em mudanças externas e internas. Psicologicamente, o início do novo ano produz um efeito positivo e útil. É como se o calendário, enquanto organizador da nossa vida, nos desse autorização para mudar. Temos a sensação de que possibilidades inteiramente novas estão abertas e ficamos mais propensos a fazer as mudanças importantes. Na verdade, podemos fazer isso a qualquer tempo, independente do calendário. Mas esse momento favorece reflexões que normalmente não fazemos e também cria uma espécie de ritual para as mudanças, o que pode ser muito bom. O calendário nos autoriza a olhar para as coisas “vencidas e continuadas”.
Toda nossa vida está organizada em torno de “contratos” objetivos e subjetivos. São acordos que firmamos buscando alguma segurança, principalmente com relação aos nossos vínculos. A questão é que os acordos que firmamos nos moldam. E o perigo é que nossa vida esteja moldada por acordos que estão vencidos.
No livro “The four agreements”, Dom Miguel Ruiz escreve sobre o poder dos acordos em nossas vidas. Baseado na ancestral sabedoria Tolteca, o autor revela a essência de relações conscientes – baseadas em acordos que respeitam a liberdade, no sentido mais profundo – e o amor, no sentido mais amplo. Ele destaca os quatro acordos fundamentais (e imutáveis) que, paradoxalmente, são úteis nos momentos de revisão dos outros acordos que norteiam nossas vidas.
O primeiro acordo: Seja impecável com o uso da palavra
O primeiro acordo é o mais importante e também o mais difícil de honrar. Ele pode parecer muito simples, mas é muito importante. E por que a palavra? A palavra não é simplesmente um som ou um símbolo escrito; ela é uma força com poder de criar os eventos em sua vida. Dependendo de como você a usa, ela pode libertá-lo(a) ou escravizá-lo(a). A mente humana é um terreno fértil onde são plantadas sementes continuamente. As sementes são opiniões, ideias e conceitos transmitidos pela palavra. Fale com integridade. Esteja muito consciente da forma como você se comunica com o outro. Seja cuidadoso(a) e amoroso(a) na escolha das palavras e no tom de voz. Perceba se o momento e o contexto são os mais favoráveis. Evite usar a palavra contra você mesmo(a) e contra o outro. Use o poder da palavra na direção da verdade e do amor.
O segundo acordo: Não tome como ataque pessoal
Os próximos três acordos são decorrentes do primeiro. O que quer que aconteça ao seu redor, não tome como pessoal. Quando você toma alguma ocorrência ou comportamento alheio como um ataque pessoal, está concordando com o que foi dito ou feito e, de alguma forma, considerando-se merecedor(a). O sentimento de vitimização ou de ofensa faz você reagir defendendo sua posição e suas crenças – e produzindo conflito. Nada que os outros fazem (ou dizem) é destinado a você. O que eles dizem ou fazem é resultado da percepção que eles têm e dos recursos que dispõem para lidar com a situação. Não tem a ver com você; tem a ver com eles. Quando você está imune a opiniões e ações alheias, não se torna vítima de sofrimento desnecessário.
O terceiro acordo: Não faça suposições
Nós temos a tendência de fazer suposições sobre tudo. O problema é que nós acreditamos profundamente que elas são uma verdade. Fazemos suposições sobre o que os outros fazem ou pensam – tomamos isso como pessoal – e reagimos de forma nociva. As suposições criam uma cadeia de pensamentos destrutivos com efeitos emocionais altamente tóxicos. Não faça suposições! Tenha coragem de perguntar e de expressar o que você realmente quer ou precisa. Comunique-se com os outros tão claramente quanto possível a fim de evitar desentendimentos. Com esse único princípio você pode transformar sua vida completamente.
O quarto acordo: Faça sempre o seu melhor
O quarto acordo permite que os três anteriores se tornem hábitos profundamente enraizados. Em qualquer circunstância, sempre faça o melhor que puder. Mas tenha sempre em mente que o seu melhor não é imutável – ele vai variar dependendo do momento. Tudo está vivo e mudando o tempo todo. Da mesma forma, o seu melhor poderá ter uma altíssima qualidade em muitos momentos, mas em outros, nem tanto. Quando você acorda de manhã, com as energias renovadas, seu melhor será diferente de quando você está exausto(a) no fim do dia. Será diferente se você está saudável e se você está enfermo(a). Esse acordo envolve autoconhecimento e autorrespeito. Então, em qualquer circunstância, simplesmente faça o seu melhor – e você evitará a autocondenação, o abuso contra si mesmo e o arrependimento. Reconheça que o outro também está fazendo o melhor que pode, com os recursos e a consciência que tem no momento.
Feliz 2012, com acordos que gerem liberdade, amor e respeito!
Sandra Felicidade
*Baseado no livro “The four agreements: a practical guide to personal freedom” – Dom Miguel Ruiz – Amber/Allen Publishing, 1997.