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Ética: O que você faz quando ninguém está olhando?

Muito bem treinados para o exercício da moral, mas e quanto à ética?
Por Beatriz Carvalho.

Entendidos de que ética tem ampla relação com os princípios ideais da conduta humana, e moral à prática dos bons costumes em sociedade, ao entrarmos de cabeça no assunto fica difícil entender porque esses dois conceitos não caminham juntos na prática, já que (na teoria) ambos poderiam, basicamente, ser aplicados como consequência um do outro.

Pensando-os separadamente, no caso da moral, é mais comum a encontrarmos em nosso dia a dia, visto que exercer uma conduta moral é premissa básica para se ter a mínima aceitação em sociedade, como jogar lixo no cesto de lixo, por exemplo. Já a ética é algo mais profundo, ligado ao caráter construído ao longo da vida, mas que não necessariamente lhe torna suscetível a algum tipo de punição ou exclusão por uma atitude considerada não ética pela maioria, como fazer a coleta seletiva do seu lixo.

Levando esses conceitos para o universo corporativo e fazendo uma análise muito particular, acredito que a facilidade no acesso ao julgamento da maioria pelo certo e pelo errado através dos meios de comunicação, somados à nítida escassez de educação familiar, tornou as pessoas muito mais preparadas para o exercício da moral com suas gentilezas, mas facilmente corrompidas quando colocadas à prova de seu caráter.

Exemplos disso estão nos desabafos surpreendentemente sinceros de quem costuma ter sempre um discurso pronto, nas decisões individuais de impacto coletivo ou nos trabalhos coletivos de avaliação individual, na pressão para se manter sempre bem relacionado e no constante jogo de interesses que precisamos saber lidar diariamente.

Mas como ficaria então o papel de um líder ao assumir a posição de propulsor de um ambiente de trabalho mais ético em meio a um universo altamente competitivo, para estimular o exercício de alguns valores entre sua equipe, de modo que isso se torne, no futuro, parte do caráter de cada um deles?

A reflexão fica ainda mais desafiadora ao perceber a amplitude das variáveis envolvidas no contexto da ética, pois o que pode ser ético para mim, pode não ser para você, e cá entre nós, na prática, nunca haverá argumentos suficientes para fazer o outro acreditar que uma atitude foi eticamente correta ou incorreta se ambos não forem anteriormente semelhantes em seus valores.

Devaneios à parte, deixo a reflexão a outras cabeças pensantes na esperança de que um dia esse assunto esteja mais presente, não só nas grandes convenções, mas nas conversas de corredor, nas rodas de bar ou quando ninguém estiver olhando.