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Guia de Sobrevivência Num Novo Trabalho

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Hoje é o aniversário do meu primeiro dia de trabalho no mundo corporativo real. Faz tanto tempo que praticamente perdi a conta dos anos… Mas nunca vou me esquecer de como me senti naquela ocasião. Queria poder falar que me senti nervoso e inseguro, mas estaria apenas floreando aquele momento. A verdade é que, lá no fundo, estava mesmo era assustado. Diria até um pouco apavorado. E se fracassasse? E se aqueles anos todos de colégio e universidade acabassem não dando em nada além de um baita fracasso? Afinal, havia sido contratado como coordenador de vendas numa grande multinacional, a centenas de quilômetros de minha cidade natal. E, cá entre nós, o diploma de Administração de Empresas, obtido numa das melhores universidades do País, não havia me ensinado absolutamente nada sobre aquilo para o qual havia sido contratado. É isso mesmo, estava justificadamente assustado. Mas quer saber de uma coisa? Cada vez que mudei desde então – seja galgando posições, alternando funções, mudando de cidade ou mesmo de companhia –, era a mesma ladainha: altas expectativas e medo.
Enquanto não havia nada de errado em ter um pouco de medo, a questão-chave era o fato de não ser tão óbvio como lidar com tal situação. Mesmo porque é possível estabelecer expectativas demasiadamente altas e cair do cavalo. Por outro lado, se você é honesto quanto ao que não sabe, pode acabar com todo mundo se perguntando: “Por que foi mesmo que o contratamos?” É uma questão de bom senso, certamente, mas poderia ser enfrentada com mais conhecimento e habilidade.
Ah, se naquela época contasse com um Guia para Sobreviver num Novo Trabalho… possivelmente a história teria sido outra.
Se hoje fosse elaborar um – contribuindo com as futuras gerações de líderes – colocaria nele 4 passos básicos para quem se lança nesta aventura :
Passo 1: Aprenda a arte de ser uma esponja
Existe uma arte de ser genuíno sobre o que não se sabe – sem parecer um incompetente que, antes de mais nada, nunca deveria ter sido contratado. Como se faz isso? Agindo como os mais sabidos CEOs e outros executivos quando aparecem para trabalhar no primeiro dia, ou seja, anunciando com firmeza que “ser uma esponja” é a sua prioridade número 1.
Ter uma clara compreensão do funcionamento das coisas e o que os vários stakeholders esperam de você DEVE ser, sem dúvida, a prioridade de qualquer um que comece num novo emprego. E isso é uma desculpa perfeita para não ter a mínima ideia do que está rolando, ou mesmo como vai fazer para desempenhar o trabalho. Acredite ou não, isso funciona. E funciona porque faz sentido.
Apenas para que fique claro: não force a barra agindo dessa forma. Não estamos aqui falando de fazer uma grande encenação e sair fazendo perguntas sobre cada detalhe. Afinal, espera-se que você tenha certo nível de competência e compreensão sobre a sua função. Portanto, em vez de ficar indiscriminadamente concordando com a cabeça quando não tem a mínima ideia do que estão falando, seja uma esponja. Apenas se assegure de humildemente escutar e aprender, pois somente a partir daí é que você efetivamente vai agir como uma esponja.
Passo 2: Planeje como impactar
Enquanto for uma esponja, a coisa mais importante que precisa determinar – além das questões básicas sobre o seu trabalho, o que esperam de você e como desempenhar a sua função – é como causar um impacto real. Você tem algum tempo para isso, portanto, não atropele as coisas. Mas, antes que seja tarde, é bom relembrar às pessoas que você não é apenas uma esponja, e que as razões originais pelas quais foi contratado continuam válidas. Afinal, você é capaz de produzir resultados. Assim, a melhor forma de fazer isso é estabelecer uma meta e planejar alcançar algo razoavelmente visível e impactante.
Por exemplo, na minha primeira iniciativa em vendas, estabeleci uma meta de fora de estoque 0% nos pontos de venda. Bem, verdade seja dita, acabei fracassando. Alcançamos 2,5%, mas, veja só, a chefia gostou da maneira com que agressivamente defini a meta para o time. E isso acabou ajudando a manter meu chefe imunizado em relação ao que se denomina remorso de comprador.
Planejar como impactar também é ótimo por outra razão. Como você sabe, o medo adora um vácuo, do tipo quando está se sentindo sem foco, confuso e geralmente sem saber o que fazer. Isso, portanto, vai lhe oferecer algo em que se agarrar e, ao mesmo tempo, “fazer acontecer”. Pois é, só contabilizamos benefícios até agora.
Passo 3: Desça do seu pedestal
Essas altas expectativas sobre as quais falei anteriormente geralmente não vêm do seu chefe ou de outras pessoas da companhia. Elas costumam vir de você mesmo. Maníacos por resultados, profissionais ou apenas pessoas simplesmente competentes têm o péssimo hábito de se colocar em maus lençóis ao se içar em pedestais.
O problema com isso é que você coloca uma pressão desnecessária sobre si mesmo, o que lhe dá maiores chances de se dar mal, cometer erros de julgamento e coisas do gênero. Além disso, a maioria dos trabalhos já é desafiadora o suficiente sem essa carga adicional de pressão irracional que vem de dentro de sua cabeça.
E tem mais. Quando você estabelece expectativas irracionais para si mesmo, isso não fica apenas na sua mente. Por ser uma forma de grandiosidade, acaba transparecendo nos seus compromissos com os demais. Compromissos que, francamente, não fazem sentido estabelecer. É o seu ego passando cheques que sua capacidade não tem como cobrir.
Portanto, saia já do pedestal. A realidade já é suficientemente desafiadora.
Passo 4: Encare o seu medo, não a sua ansiedade
A maior parte das pessoas acha que medo e ansiedade são a mesma coisa, mas não são, não. Eles são completamente diferentes, e você necessita compreender a diferença. Medo é uma resposta emocional em relação a uma ameaça real ou percebida. Ansiedade é uma apreensão sobre algo que você está antecipando ou mesmo sobre algo desconhecido.
O que isso significa? Deixe-me explicar no seguinte contexto. Se você está com medo ou preocupado porque não conta com as habilidades ou a capacidade para fazer o trabalho, isso é real e é algo com o qual você precisa lidar. Encare o fato, confronte-o, determine se é real ou não, e aí bole um plano para resolver a questão.
Mas, se você está ficando estressado antes do tempo, antecipando todo tipo de “e se…” que ainda não aconteceu – e que pode nunca acontecer -, você está apenas construindo uma realidade paralela em sua cabeça e fazendo as coisas ficarem piores para si mesmo. Não faça isso. Não se estresse com o desconhecido.
Em vez disso, reconheça e se dê conta daquilo do que realmente você tem medo. Dessa forma, você pode confrontá-lo e determinar se é justificado ou não. Além disso, se você encarar seu medo, não vai ficar divulgando-o para todo mundo. Algumas pessoas fazem isso, achando que vai aliviar a tensão e talvez até conquistar a simpatia dos demais. Não vai. A única coisa que isso vai fazer é com que você pareça uma pessoa insegura e sem autoconfiança. E isso provavelmente não era o que a empresa pensou que estava contratando quando selecionou você, certo?
Em suma: se você é uma dessas pessoas que procuram soluções rápidas para tudo, esqueça. Esse é um caminho certeiro em direção ao desastre. Como tudo na vida, a resposta não está num livro ou numa pílula. Certamente meus longos anos de experiência no universo corporativo podem apoiá-lo, mas você também vai ter de dar duro por conta própria. É assim que o processo de coaching funciona. E com ótimos resultados.
Para essa e diversas outras situações, conte comigo.
Pablo
Fonte: http://room4d.wordpress.com/2011/05/01/4-passos-p-sobreviver-num-novo-trabalho/?goback=%2Egde_2223562_member_277438972#%21