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No mundo corporativo, não basta ser, tem que aparecer

Por Isabel Kopschitz – para O Globo
RIO – Se você é competente, traz resultados, tem grande experiência e não consegue ver sua carreira decolar, esta reportagem vai lhe cair como uma luva. Investir na imagem e no relacionamento com colegas e gestores é fundamental, dizem especialistas, tanto pessoalmente quanto por meio das mídias sociais. Segundo o coach de executivos Silvio Celestino, são necessários quatro elementos para um marketing pessoal efetivo: fala, imagem, postura e uma “pessoa de grande credibilidade” para alavancar a carreira. Mas o primeiro passo, ressalta, é ter objetivos profissionais claros e bem definidos.
– O bom profissional não fala sobre si, mas sobre os propósitos daquilo que faz – explica Celestino, autor do livro “Conversa de Elevador”. – A própria pessoa não tem credibilidade para falar bem de si mesma; o melhor que pode fazer é mostrar seus interesses e de que forma pode satisfazer o cliente em questão.
No entanto, por mais que o profissional esteja cuidando da fala, imagem e postura, sem uma “pessoa de grande credibilidade” para “comprar” seus propósitos profissionais, não chega aonde quer ou leva muito tempo para conseguir. Essa pessoa pode ser um gerente, um diretor, alguém que tenha credibilidade perante os gestores da empresa ou os próprios. Por não estarem atentos a isso, comenta Celestino, tantos talentos “bons e privilegiados intelectualmente” não deslancham no trabalho.
– Geralmente eles acabam sendo arrogantes e achando que podem fazer tudo sozinhos, o que é um erro – diz. – Tem também pessoas muito tímidas que pensam que só de fazer o trabalho bem feito serão notadas e vão crescer profissionalmente. Mas não é assim que acontece.
Para o coach, momentos como aqueles em que a pessoa se vê dentro de um elevador, junto com o diretor ou presidente da empresa, são importantes para falar as coisas certas e na medida. Nessas horas, diz, é fundamental saber, num tempo curto, chamar a atenção de quem interessa.
– Saber descrever o que se faz ou falar de coisas das quais gosta de forma pitoresca prende a atenção do interlocutor. Se você fala que é gerente de banco, por exemplo, é uma coisa, mas se fala que vende dinheiro já passa outra impressão – explica Celestino. – É claro que, para isso, é necessário ficar atento e pesquisar sobre os gostos de quem pode te ajudar profissionalmente.
Segundo Patrícia Machado, gerente administrativa e financeira da Veus Technology, há uma série de características, ligadas à forma de se relacionar, que fazem com que o profissional seja lembrado quando surgem oportunidades:
– É necessário ser comunicativo, ter facilidade de relacionamento com equipes e pessoas, ser bem humorado, otimista, ter boa apresentação e saber defender suas posições e opiniões.
Mas, para quem já construiu uma imagem não muito adequada, é possível mudar? Consultores dizem que sim. Mas a tarefa requer humildade do profissional e leva tempo. Em alguns casos, dizem, é necessário contratar um coach para ajudar no processo.
– Para mudar a imagem, o profissional vai precisar ‘se apagar’ por um tempo, talvez mudar de ambiente ou de local de trabalho – diz Fátima Sanchez, gestora do Instituto Personal Service. – É necessário ter muita honestidade consigo mesmo para entender os erros que cometeu e se reconstruir.